As aves são mais do que um espetáculo da natureza: funcionam como bioindicadoras da qualidade ambiental. “O registro de uma espécie ou a sua ausência pode ser um sinal de alerta”, explica o biólogo Mauricio Noronha. Segundo ele, mudanças climáticas e o avanço urbano impactam diretamente a avifauna, alterando populações, padrões de migração e até características físicas.
O Amazonas concentra 55% das aves registradas no Brasil – cerca de 1.100 espécies. Entre elas, raridades como o Flautim-rufo (Cnipodectes superrufus) e presenças comuns como o Sanhaço-da-Amazônia (Thraupis episcopus). Mas o cenário urbano já deixa marcas: “A Pipira-vermelha era fácil de ser vista em Manaus, mas hoje está cada vez mais rara com a perda de áreas verdes”, observa Noronha.
Junto da esposa, a também bióloga Dayse Campista, Noronha transformou a paixão pela fotografia em ferramenta de conservação. O casal lançou o “Guia de Bolso das Aves do Amazonas”, contemplado pela Lei Paulo Gustavo, com 121 espécies descritas em português, inglês e tupi-guarani. Além das fotos, o livro traz dados sobre hábitos alimentares e um mapa com os melhores pontos de observação.
Mais que publicação, o projeto distribui exemplares em escolas públicas, promove oficinas de livros artesanais e capacita comunidades para o turismo de observação de aves – unindo preservação ambiental e geração de renda sustentável.